terça-feira, 2 de agosto de 2011

Até que a morte os separe


Foram três felizes anos de namoro para Igor e Débora. Eram um daqueles casais que se conheceram na faculdade. Muitos admiravam-nos pelas poucas discussões. Qualquer um que os conhecesse poderia dizer com convicção que formavam o casal perfeito. Mas apenas durante três anos…

Depois de formado, Igor foi exercer sua profissão: engenheiro civil. Poderiam considerá-lo sortudo por conseguir um emprego numa empresa de sucesso no ramo, contudo, o rapaz logo se viu envolvido em trabalhos fora de sua cidade e até do estado. Precisava viajar frequentemente e o relacionamento com Débora foi se tornando cada vez mais escasso. Ao falar com a amada ao telefone, notava que ela apenas respondia com “hum”, “é” ou “sim”. Os olhos dela quando conversavam pareciam perdidos em outros lugares. Igor estava preocupado que pudesse perdê-la.

O que poderia fazer para reconquistá-la? Ele nem conseguia trabalhar direito com tal questão perturbando sua mente. Deveria procurar um emprego que exigisse menos de si? Não, respondeu a si imediatamente. Não havia ninguém que amasse mais que Débora, porém, sabia que tinha de permanecer naquela empresa por mais algum tempo, pelo menos até ganhar algum reconhecimento. Ah, em que impasse ele se encontrava!

No fim da tarde, no entanto, uma ideia invadiu-lhe a mente.

Nesse dia, felizmente, ele não estava em viagem. Ligou para a amada e convidou-a para jantar em um restaurante que ela adorava.

Naquela noite, Igor pediu Débora em casamento. A moça, que, como sempre, parecia estar com a mente do outro lado do mundo, voltou lentamente os olhos para ele, surpresa. Igor, inseguro, pensou que ela iria responder-lhe com um “não”, mas aliviou-se quando, depois de poucos segundos, ela aceitou sorridente seu pedido.

* * *

Débora esperava que o amado ficasse mais próximo, entretanto, até o dia do casamento, pouco mudou. Ele continuava com aquele papinho de “ganhar reconhecimento” que tanto a irritava. Ela estava no seu dia de noiva dentro do salão de beleza, mas olhava tristonha para o espelho, mesmo que este mostrasse que a moça estava belíssima.

Enquanto pensava penosamente que Igor nunca mudaria, teve uma ideia inusitada. Agora ela sabia como ficaria com o amado para o resto da eternidade.

* * *

Igor esperava sorridente por Débora no altar. O casamento estava marcado para as 18 horas, porém, a moça ainda não havia aparecido às 19. Ele lembrou de algo que sua mãe lhe dissera quando ele era uma criança: “a noiva sempre se atrasa”. Mesmo assim, não havia como não ficar ansioso. E o padre o pressionava dizendo que, se Débora não aparecesse dentro de meia hora, não haveria casamento. Mas, às 19h15m, a ela apareceu.

O rapaz foi tomado de súbito por um frio no abdome quando a moça começou a desfilar vagarosamente até o altar ao lado do pai. Pensou nos anos que passaram juntos até ali, nos anos felizes que viriam. Olhava emocionado para a amada, reparando em seu lindo vestido… Ele franziu a testa. Como ele só fora notar agora? O vestido de Débora era negro. E, então, ele reparou que ela tinha no rosto um sorriso sinistro, um sorriso que ele bem conhecia: Débora planejava algo.

Débora chegou perto do altar e, enquanto o pai a deixava para se juntar aos padrinhos, ela foi até Igor. Ele ficou nervoso por encarar aquele sorriso sinistro de frente. O que Débora iria fazer? Por que tinha de ser logo naquele dia?

Igor fez todo o rito do casamento automaticamente. Não conseguia se concentrar: fitava ansioso a amada. Suas mãos, segurando as dela, suavam e tremiam. Ao ouvir o padre dizer a palavra “aceita”, ele instantaneamente disse “sim”. Alguns segundos depois, Débora fez o mesmo, no entanto, mais concentrada.

A sobrinha de Igor trouxe as alianças. Junto delas, o noivo notou algo preto, pequeno e plano. Débora pegou-o com a aliança dele e Igor não deu mais muita atenção ao objeto. Pegou a aliança da noiva.

Depois de um colocar no anelar do outro a aliança, o padre disse “Eu os declaro marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva”. Igor e Débora beijaram-se. Quando o beijo terminou, o rapaz notou o sorriso da amada se intensificar, indo de sinistro a maligno. Ela pegou o objeto negro e apertou um botão. A última coisa que Igor ouviu foi a voz dela dizer “Eu amo você”.

A igreja explodiu. Não havia nenhum sobrevivente. A morte, afinal, uniu Igor e Débora.

sábado, 4 de junho de 2011

"... E ao pó tornarás"


— Abra os olhos — ordenou Luciano à bebê.

Ali era um quarto de maternidade. Já passava da meia-noite, todas as luzes estavam desligadas e a fraca iluminação provinha da Lua Cheia daquele dia.

A bebê abriu os olhos; havia compreendido a ordem. Além disso, reconhecia a voz. Era a voz de seu amado.

* * *

Cátia era uma bruxa. Tinha vinte e seis anos e já sabia ao menos metade do que um bruxo precisa saber, por isso, era considerada muito poderosa. No entanto, tudo em excesso tem grande possibilidade de ser perigoso.

Ela era dotada de grande beleza, o que, também devido à inteligência dela, a tornava alvo de invejosos. Ninguém sabia, porém, de sua enorme fraqueza: ela era estéril e, desde pequena, desejava criar um pequeno bruxo. Poderia apelar para a adoção, contudo, dificilmente encontraria o que queria. Em sua realidade, havia poucos com poderes mágicos.

Sempre que via um bebê no colo da mãe quando assistia a um filme, uma lágrima descia do olho e, então, não havia remédio: ela não conseguia parar de chorar até dormir e, quando o sono lhe trazia alento, tinha sonhos desoladores; houve uma vez em que sonhara que era a única pessoa do mundo e, para ela, aquilo era horrível. Adorava estar no meio de multidões.

As crises pioraram quando ela começou a namorar. Quando olhava para o rosto de seu amado, pensava no quanto o filho poderia ser perfeito. Ele, sabendo das condições dela, dizia-lhe que não havia problemas, que o amor dos dois compensava tudo, mas era tudo mentira. Em segredo, ele compartilhava do sonho da amada.

Houve um dia em que Cátia foi visitar a sogra. Depois de um apetitoso almoço, como só um almoço mágico pode ser, sentaram-se todos no sofá para assistir à tevê. O ar era agradável, todos se sentiam bem, quando a sogra perguntou:

— Já estão noivos? — coisas de sogra…

O filho e Cátia sorriram constrangidos.

— Quando vão me dar um netinho?

Cátia congelou. A mulher não sabia que ela não podia ter filhos.

— Ora, meu filho. Você fala desde criança que quer ser pai!

Os olhos de Cátia saltaram. Uma lágrima desceu por seu rosto, entretanto, ela não podia deixar o amado e a sogra vê-la chorar. Levantou-se e deu qualquer desculpa para ir para casa. O amado ofereceu-se para levá-la, mas ela disse que não havia necessidade.

Correu por ruas em prantos. Não olhava para os lados e, na realidade, nem sabia se realmente estava no caminho certo para casa. Ela só se interrompeu quando o celular começou a tocar. Olhou para a tela e quem ligava era seu amado.

— Desculpe-me — ela pediu ao atender.

— Pelo quê, meu amor?

— Por não poder te dar um filho…

Demorou até que ouvisse novamente a voz do amado.

— Querida, isso não é sua culpa. Já não posso negar que desejo um filho, mas… Você sabe, nosso amor compensa tudo.

— Não compensa! — ela replicou. — Eu te darei um filho. Eu prometo te dar um filho.

Mais uma vez, a resposta demorou a vir.

— Retire a promessa — ele ordenou.

— Não. — Cátia desligou a chamada, secou os olhos, ergueu a cabeça e seguiu para casa.

Chegando lá, ela foi a seu quarto e pegou o livro de feitiços. Abriu-o e já sabia em que página colocar: “Feitiço da Fertilidade”. Sua mãe o ensinara a ela quando era pequena; haviam acabado de mudar de casa. Sua mãe sempre adorara ter um jardim e, infelizmente, naquela casa, o solo era infértil. Depois de realizado o feitiço, dentro de poucos dias, apareceu o jardim mais belo que Cátia viu na vida.

A moça não sabia se o feitiço funcionava com humanos, porém, estava disposta a arriscar. Pegou todos os componentes requeridos pelo feitiço e sua varinha.

Mais ou menos às onze da noite, Cátia apareceu na casa do amado. Quando ele abriu a porta, viu a namorada mais linda que nunca. Ela entrou e deu-lhe um delicioso beijo. Os dois se encaravam quando o beijo acabou. Cátia estendeu a mão para o amado, que a pegou, e ela o levou a seu quarto. Eles tiveram uma ótima noite de amor.

* * *

Cátia não se sentia bem na manhã seguinte. Estava com muito sono, mas uma dor no abdome não a deixava dormir. Sentiu que seu amado já não estava na cama; fora trabalhar. Ela abriu os olhos e olhou para o abdome. Não acreditou no que via: sua barriga estava enorme, como a barriga de uma grávida de oito meses.

— Esse é só o começo — Cátia ouviu uma voz.

Virou-se e viu uma senhora a fitá-la. Era sua avó, uma bruxa sábia, com noventa anos, idade que poucas bruxas conseguem alcançar.

— O que houve? — indagou Cátia.

— Eu nunca vi algo assim em toda a minha vida — disse a velha. — Já vi gravidez acelerada por mágica, mas, deuses, o que você fez?

— Como você entrou aqui? — Cátia estava apavorada.

— Diga-me: o que você fez?

Cátia baixou a cabeça, envergonhada.

— O feitiço da fertilidade.

A senhora boquiabriu-se. Como disse, havia visto muitas coisas em sua vida, no entanto, aquilo era novo e assustador.

— Como você ousou tentar? É um feitiço para tornar o solo fértil, nunca funcionou com humanos. E, se funcionou com você, algo aterrorizante está por vir. Há um monstro dentro de você.

Cátia olhou outra vez para o abdome, ainda mais amedrontada.

— Eu senti que estava em perigo. Um bruxo não pode deixar seus descendentes na mão. Mas… eu nunca imaginaria isso.

As palavras da avó não amenizavam a situação. Contudo, a velha senhora não ligava para eufemismos. Tragédias faziam parte de sua vida.

— Precisamos fazer um aborto — ela disse.

Pegou a mão de Cátia e a fez levantar-se. Chegando ao lado de fora da casa, a avó pegou sua vassoura, montou nela e fez Cátia montar-se à sua frente. Não confiava que a neta pudesse se segurar; muito provavelmente, aquela aberração a deixara fraca.

Cátia, durante a viagem aérea, viu sua mão ficar marrom. Poderia ficar assustada, entretanto, sua visão estava turva, a cabeça parecia não funcionar muito bem. Já a senhora prestava muita atenção, estupefata, ao que ocorria à neta. Sua pele branca ia se tornando negra a cada segundo. Os pés descalços ressecavam. Os dedos da neta se desfaziam devido ao vento. Não sabia se acelerava para chegar logo a sua casa; tinha medo de fazer a neta ser toda levada pelo vento. No entanto, se fosse devagar, teria tempo de salvá-la? Ela decidiu correr. A situação a estava deixando sem muitas esperanças.

A senhora estacionou a vassoura do lado de fora da sua casa, fez a neta colocar o braço em seus ombros e encaminhou-se ao interior. Deitou-a no sofá e foi procurar pelo bisturi. Quando o encontrou, retornou para Cátia e, sem se preocupar em dar-lhe anestesia, começou a cortar a barriga da neta. A lâmina deslizava com incrível facilidade. Ao invés de sangue, a velha senhora viu lama. A última coisa que Cátia viu foi o olhar desesperado da avó.

* * *

A bruxa anciã tirou a aberração da barriga da neta após vê-la transformar-se toda em terra. Era um bebê verde, com alguns galhos saindo de todos os orifícios, brotando folhas. Ele soltava lamentos terríveis. Ela não teve escolha senão eliminá-lo. Depois, enviou uma mensagem mágica ao namorado da recém-falecida neta.

O rapaz apareceu aflito na casa da senhora. Ela varria em prantos a terra que fora Cátia, espalhada por toda a sua sala.

— É… é ela? — ele indagou.

A senhora assentiu, fungando.

Ele atirou-se ao chão e pegou um punhado de terra. Começou a chorar também.

— É um fim horrível — a senhora disse.

O rapaz pensou naquela palavra. Fim?

— Ela me deu um filho? — ele perguntou.

— Eu chamaria aquela coisa de tudo, menos filho.

— Oh, não…

A senhora parou de varrer e encarou-o.

— O que houve?

— Uma promessa — ele respondeu. — Ela prometeu me dar um filho.

A bruxa anciã ficou ainda mais aterrorizada. Além de haver morrido daquela forma assustadora, a neta fizera uma promessa e não a cumprira em vida. O espírito de um bruxo não descansa com promessas pendentes.

* * *

Luciano se rejubilou quando a bebê abriu os olhos. Se ela compreendera sua ordem, o espírito de sua amada estava ali.

— Cátia — ele disse —, agora você pode cumprir sua promessa.

Cátia não conseguia identificar muito bem as coisas à sua volta. Tudo que via eram vultos. Olhava na direção de onde viera a voz de seu amado e via apenas uma silhueta corpulenta. O amado era magro quando o vira pela última vez.

A silhueta aproximou-se dela.

— Dezoito anos e estamos juntos mais uma vez, meu amor. Sua avó e eu conseguimos. Você tem um novo corpo.

Cátia olhou surpresa para o vulto. Um novo corpo? Seu espírito havia possuído o corpo de um nenê para cumprir as promessas pendentes. Não! Ela não queria escravizar um corpo. Não queria tirar a oportunidade de alguém ter vida. Queria somente retirar a promessa que fizera, mas agora era tarde demais.

— Nosso filho… — Luciano, seu amado, disse. Cátia notou um quê lunático em seu tom. Ficou ainda mais triste: percebeu que sua morte o fizera enlouquecer.

Ela quis gritar “Não”, no entanto, a única coisa que saiu de sua boca foi:

— Nhá!

— Que ternura! — exclamou Luciano encantado. — Esqueceu de como falar… Vou ter tanto prazer em ensiná-la.

Cátia fez mentalmente algumas contas. Ele agora devia estar com quase cinquenta anos. Ficava cada vez mais assustada. Seu amado não tinha noção de quanto tempo precisaria esperar até que ela pudesse cumprir a promessa de dar-lhe um filho?

Ele pegou-a e saiu correndo do hospital. Cátia começou a chorar e berrar, mas Luciano a silenciou colocando a mão sobre sua boca.

— Fique calma, meu amor. Tudo ficará bem.

Cátia, porém, não tinha tanta certeza.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Odiado e querido tempo

Escrevi este texto como base para um teatro no meu curso de capacitação teórica. Acabou nem virando teatro, mas decidi colocá-lo aqui no blog. Boa leitura!



O tempo pode ser o maior inimigo da humanidade: segue num ritmo desenfreado e, infelizmente, poucos de nós estão preparados para acompanhá-lo. Qualquer pessoa seria um bom exemplo disto e Paulo não foge à regra. Era um garoto que havia acabado de completar dezoito anos, esforçado e prestativo, que sonhava em crescer no mercado de trabalho. As oportunidades não demoraram a aparecer para ele, que logo agarrou uma delas.

Escolhera aquela empresa porque ela tinha como ramo o que mais agradava ao garoto: tecnologia. A vaga não era o que ele esperava, mas, se ela garantisse a estabilidade dele dentro daquela empresa, não havia problemas. Seria entregador, andaria de motocicleta o dia inteiro. Preferia, é claro, ficar sentado, projetando novos softwares. Mas não desanimava, estava disposto a fazer tudo para chegar um dia aonde queria.

Logo destacou-se. Dentro da moldura de “funcionário do mês” sua foto ficou por vários meses. Passou-se um ano, dois anos, e, no entanto, sua promoção não era sequer citada. Questionou sua superior sobre o fato e, após algumas ligações, ela lhe respondeu que ele receberia uma resposta dali a dois meses. O rapaz, que já estava ficando desmotivado, animou-se. Já havia aguentado mais de dois anos dando voltas por lugares que nem conhecia, o que seriam mais dois meses?

Mas, quando estes dois meses passaram, disseram que ele teria de esperar mais duas semanas. Depois, dez dias. Sete dias. Cinco dias. Dois dias. E, então, cinco meses! Quando ouviu aquilo, seguiu para os portões, pretendendo sair e fazendo promessas de que nunca mais voltaria ali. Mas sua superior correu atrás dele e contou que havia uma vaga para ele. Paulo foi novamente tomado pela motivação. Entretanto, quando uma secretária levou-o aos arquivos da empresa, tudo desabou. O rapaz gostava de tecnologia, achava que todos aqueles documentos velhos e empoeirados poderiam ser transferidos para um computador. Mas, vendo naquilo uma oportunidade, não reclamou. Esperava que naquele caso o tempo se tornasse um amigo e fizesse tudo passar rápido até que ele recebesse a promoção que realmente esperava.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Júbilo e Desalento... e Ódio

Antes de ler este conto, leia esse!!!


Por um instante, o mundo inteiro parou. Mesmo os ventos tiveram de interromper seu curso. Energias, como o fogo, também não foram poupadas.

De seu trono, a rainha Fantasia moveu a mão com a qual segurava seu cetro dourado e tudo voltou ao normal. Deu uma gargalhada contagiante que ecoou por todo o santuário e voltou-se para seu velho companheiro, o Júbilo, que acabava de chegar. Seu maior sonho desde que fora criada era parar a Terra. E como aquele era um bom momento, depois de tempos realmente ruins, aproveitou para realizar o feito, mesmo que por milésimos de segundo.

Os tempos, anteriormente, foram ruins porque a deusa teve ao seu lado o Desalento, comumente conhecido como Tristeza. Às vezes, a Fantasia não podia entender a humanidade. Como podiam dar poder àquele deus franzino e choroso? Como podiam deixá-lo cobrir o planeta em que viviam com um manto negro? Imagine quão péssimo era aquilo! Mas, após longa espera, tudo melhorou para a deusa. A humanidade descobriu uma brecha no manto. Foi assim que reencontraram o Sol, a representação do Júbilo. Seguindo sugestões murmuradas pelo deus, muitos começaram a cobrir-se de cores que o Bom-senso julgaria incompatíveis. Mas isto não afetava aquelas pessoas; poucos ainda davam valor ao deus desaparecido. O manto foi rasgado gradualmente, tirando o poder do Desalento e o deus acabou se recolhendo em um iglu no Polo Norte.

Assim se deu a transição da geração emotiva para a colorida.

O Ódio tinha um simpático sorriso estampado no semblante quando entrou na sala do trono com bebidas para todos. Quando virou-se para sair do local, porém, seus olhos brilharam com maldade. O que se passava em sua mente? Poder. A humanidade dava valor a coisas fúteis. Distraíam-se excessivamente, Fechavam os olhos enquanto o trabalho dele dava resultados cada vez maiores.